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SociedadeEstados Unidos

Ativistas continuam a lutar em nome de George Floyd

Ines Pohl
25 de maio de 2023

A morte de George Floyd tornou-se um sinal de alerta contra a violência policial por motivos raciais nos EUA. Apesar de os responsáveis estarem detidos, a tão esperada grande reforma da polícia ainda não se concretizou.

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Foto: imageSPACE/ZUMA/picture alliance

Nove minutos e 29 segundos chocaram o mundo há precisamente três anos. O vídeo de um espetador que capturou os gritos de George Floyd dizendo que não conseguia respirar tornou-se viral nas redes sociais e espoletou uma vaga de manifestações contra o racismo e violência policial em várias cidades de todo o mundo.

O vídeo que se tornou um documento de horror mostra um agente da polícia branco. Derek Chauvin, a pressionar o joelho no pescoço de George Floyd durante mais de nove minutos, enquanto este implora para o deixarem respirar. Os colegas de Chauvin, Alexander Kueng, Tou Thao e Thomas Lane observam a situação sem fazer nada.

De acordo com a autópsia, Floyd perdeu a consciência - e morreu. As manifestações contra o racismo e a violência policial não se limitaram aos EUA. Em muitas cidades norte-americanas, o estado de emergência prevaleceu nos dias e semanas que se seguiram ao 25 de maio de 2020. A raiva de décadas de assédio por parte de polícias brancos, a frustração com o racismo estrutural frequentemente denunciado nos uniformes, foi descarregada em motins violentos.

O jornalista Robert Samuels foi galardoado recentemente com o Prémio Pulitzer pelo seu livro "His name is George Floyd". Na entrevista à DW, explica que Joe Biden, mesmo enquanto Presidente dos Estados Unidos, prometeu repetidamente implementar uma grande reforma da polícia. Mas nada aconteceu.

USA St. Paul | Prozess gegen 3 ehemalige Polizisten wegen des Todes von George Floyd
Derek Chauvin e outros três agentes foram condenadosFoto: Cedric Hohnstadt Illustration/REUTERS

"Apesar de haver muita solidariedade neste país para acabar com o racismo sistémico e para fazer coisas que impeçam que algo como o incidente que aconteceu entre George Floyd e Derek Chauvin volte a acontecer, tudo ficou atolado em lutas internas, em burocracia", comentou.

Veredicto inédito

Chauvin foi condenado em dois julgamentos independentes por homicídio e violação dos direitos constitucionais de Floyd a um total de mais de 40 anos de prisão. Já está a cumprir essa pena. Os seus colegas também foram considerados culpados de violar os direitos civis constitucionais de Floyd e estão a cumprir penas de vários anos.

Muitos especialistas concordam que o veredicto provavelmente não teria sido tão claro se não existisse o vídeo como prova.

A cor da pele continua a determinar se alguém pode esperar ser preso, ou mesmo abatido, pela polícia, diz o jornalista Robert Samuels.

"Estamos a assistir ao ressurgimento dos debates sobre o direito de voto, sentimos que há leis e legislação a ser apresentada para dificultar o voto das pessoas de cor neste país e, mais uma vez, estão a travar o mesmo tipo de batalhas que a maioria das pessoas pensava estarem resolvidas há 50 anos. Por isso, não é muito claro o que vai acontecer agora”, alerta.

Uma pessoa para quem a luta contra o racismo estrutural e a discriminação está no topo da agenda é Zaynab Mohamed. No início de 2023, a jovem de 25 anos conseguiu entrar para o Senado do estado do Minnesota - como a primeira deputada com raízes somalis. Como senadora, é responsável por uma área que abrange partes das cidades gémeas de Minneapolis e Saint Paul.

Zaynab Mohamed
Zaynab Mohamed, senadora no MinnesotaFoto: Trisha Ahmed/AP/picture alliance/dpa

"Os negros americanos de todo o Estado e do país estão a viver uma experiência em que estão mais alerta do que nunca. Na legislatura, proibimos os mandados de busca e apreensão. Proibimos que os grupos de supremacia branca se juntem aos nossos departamentos de polícia", diz.

Também considera que a administração da justiça no caso George Floyd foi adequada: "É bom que Derek Chauvin tenha sido condenado e esteja atrás das grades", afirma a senadora.

Mas, para ela, a verdadeira justiça ainda está longe de ser alcançada: "A verdadeira responsabilidade é quando há uma mudança sistémica em todos os departamentos, em todas as políticas; quando somos capazes de compreender por que razão estas pessoas cometem estes crimes e podemos responsabilizá-las. Essa é a verdadeira mudança".

A morte de George Floyd, há três anos, tornou-se um sinal de alerta contra a violência policial por motivos raciais nos EUA. Apesar de os autores estarem detidos, a grande reforma da polícia que se pediu ainda não se concretizou.

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