Após exportar soldados, Kagame quer importar professores
30 de setembro de 2021O Presidente do Ruanda, Paul Kagame, disse esta quarta-feira (29.09) a uma delegação do Zimbabué liderada pelo seu ministro dos Negócios Estrangeiros e Comércio Internacional, Frederick Shava, que o Ruanda precisa urgentemente de professores zimbabueanos de qualidade.
A informação foi publicada no jornal ruandês The New Times. O chefe de Estado estava a interagir com mais de 200 participantes durante uma conferência sobre comércio e investimento bilateral, que decorre na capital ruandesa.
Os seus comentários seguiram-se a um acordo bilateral assinado entre a "W2 Industries", uma empresa do Zimbabué que está a expandir os seus negócios no Ruanda em áreas de desenvolvimento de infraestruturas escolares e a criação de laboratórios escolares.
"Por favor, trabalhem nisso com o sentido de urgência". Qualquer que seja o número de professores de qualidade que encontremos, podemos absorver. Porque precisamos deles com urgência", reiterou.
"Enorme potencial"
A abertura de portas de Kagame para os professores do Zimbabué é mais um movimento nas relações internacionais do Ruanda em direção à África Austral, após o envio de tropas a Moçambique.
Desde julho, cerca de mil soldados ruandeses têm apoiado o Governo moçambicano na luta contra os rebeldes na região de Cabo Delgado, rica em recursos minerais. Apenas alguns dias após a sua chegada, as tropas de Kagame impuseram pesadas derrotas aos jihadistas que tinham ocupado a importante capital distrital de Mocímboa da Praia durante mais de um ano.
Segundo a reportagem do jornal ruandês, as autoridades zimbabueanas falaram em negócios em outras áreas. Sekai Nzenza, ministra da Indústria e Comércio do Zimbabué, disse que o seu país tem enorme potencial para abastecer o mercado ruandês com produtos agrícolas e hortícolas, produtos farmacêuticos, couro, têxteis, material de construção entre outros.
Por outro lado, Nzenza disse a ambas as delegações que o Ruanda tem potencial para exportar produtos de fabrico leve, acrescentando que o Zimbabué tinha muito a aprender sobre a facilidade de fazer negócios.
No primeiro dia, foi assinado um total de cinco acordos de cooperação entre os dois países.