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Guterres recebe Prémio Carlos Magno e elogia União Europeia

Lusa | rvp
30 de maio de 2019

Ao receber o Prémio Carlos Magno, o secretário-geral da ONU, António Guterres, elogiou o modelo europeu de sociedade, mas alertou que o mundo enfrenta novas ameaças.

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Foto: picture-alliance/dpa/H. Kaiser

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, recebeu o Prémio Carlos Magno esta quinta-feira (30.05) na cidade de Aachen, no oeste da Alemanha. O ex-primeiro-ministro português diz que este foi um "dia especial".

"Não é todos os dias que temos a oportunidade de estar numa cidade com 12 séculos de história e de sentir aqui tão profundamente a herança europeia, que nos dá a esperança de que a Europa possa ser melhor no futuro e ajudar a construir o mundo de que precisamos", declarou à saída da Câmara de Aachen, onde foi entregue o galardão.

A responsabilidade da UE

Após receber o prestigiado prémio internacional pela sua defesa do modelo europeu de sociedade, do pluralismo, tolerância e diálogo, Guterres apelou à Europa que defenda com mais vigor o multilateralismo, atualmente "debaixo de fogo".

Karlspreis für UN-Generalsekretär Guterres
Foto: Reuters/T. Schmuelgen

O secretário-geral das Nações Unidas insistiu na necessidade de uma agenda multilateral "nestes tempos de grande ansiedade e desordem geopolítica". Guterres argumentou que a União Europeia tem uma responsabilidade acrescida na sua defesa, até por ser "pioneira, mas também um posto avançado do multilateralismo e o primado do direito", valores cada vez mais postos em causa nos dias de hoje.

Apontando que "a UE constitui uma experiência única em soberania partilhada", António Guterres comentou que, como secretário-geral das Nações Unidas, nunca sentiu "tão claramente a necessidade de uma Europa forte e unida".

Instabilidade preocupa

Guterres apontou que o mundo enfrenta atualmente "três desafios sem precedentes" que agravam os riscos de confrontação e exigem respostas vigorosas: as alterações climáticas ("hoje uma questão de vida ou morte"), a demografia e migrações e a era digital. 

Defendendo que "tanto as Nações Unidas como a UE são um legado dos valores do Iluminismo", na sua opinião "o mais importante contributo europeu para a civilização mundial", António Guterres afirmou que aquilo a que se assiste hoje na cena mundial, com o ressurgimento de "paixões nacionalistas, populistas, étnicas e religiosas", é "a negação do Iluminismo".

Para tal, o mundo precisa mais do que nunca "dos dois maiores projetos de paz dos nossos tempos, as Nações Unidas e a União Europeia", sustentou.

António Guterres foi primeiro-ministro em Portugal entre 1995 e 2002. Liderou depois o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados entre 2015 e 2015. É o primeiro português a receber o Prémio Carlos Magno, que distingue desde 1950 personalidades que tenham contribuído para a unidade do continente europeu. Winston Churchill, Robert Schuman, Jacques Delors, Bill Clinton, Jean-Claude Juncker, Angela Merkel e os papas Fancisco e João Paulo II foram alguns dos galardoados no passado.

Na cerimónia estiveram presentes o primeiro-ministro português, António Costa, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o Rei de Espanha, Felipe VI.