Angola pode mediar diálogo entre Mondlane e Chapo?
2 de janeiro de 2025Ativistas, partidos da oposição e críticos da governação angolana tem manifestado apoio ao candidato presidencial apoiado pelo PODEMOS, Venâncio Mondlane. Em Angola, já foram realizadas vigílias e uma manifestação em frente à Embaixada de Moçambique para exigir "verdade eleitoral".
O ativista Eduardo Lubienga é dos cidadãos que defendem solidariedade para com o povo moçambicano.
"Todos os angolanos devemos levantar a nossa voz, marcharmos forte para o desenvolvimento de todos os povos africanos. Como os nossos nacionalistas passados já haviam mencionado que "fora de Angola está a continuidade da nossa luta", defende.
E Lubienga acrescenta: "Vejo que em Moçambique está o princípio da nossa luta."
O Estado angolano tem-se destacado pela tentativa de resolução de conflitos em alguns países africanos, como é o caso da situação na República Democrática do Congo (RDC).
Desconfiança minaria diálogo
Será que Angola pode também mediar o diálogo entre Venâncio Mondlane e Daniel Chapo, da FRELIMO, em Moçambique?
"Colocar Angola como mediador do conflito em Moçambique, penso que, não passa sequer pela mente do Executivo angolano", respondeu à DW Nkinkinamo Tussamba, especialista em relações internacionais.
Mas o académico sublinha: "Angola é, de facto, um país a ter em conta quando se fala da mediação de conflitos porque nós temos uma experiência particular e nós temos sabido influenciar outros países nesse sentido."
Tussamba explica por que razão essa experiência de Angola não se aplica a Moçambique: "Por exemplo, colocar Mondlane e Chapo numa mesa de negociação e sob responsabilidade de Angola [é inviável], porque há alguma desconfiança".
FRELIMO e MPLA, "irmãos gémeos"
"Não nos esqueçamos que Daniel Chapo, antes das eleições em Moçambique veio buscar apoio a Angola", recorda.
Segundo Nkinkinamo Tussamba, essa desconfiança estende-se igualmente ao povo moçambicano que olha para a FRELIMO e o MPLA, partidos que govenam Moçambique e Angola, respetivamente, há quase 50 anos, como "irmãos siameses" em termos de prática governativa.
"Se essa possibilidade se colocar em cima da mesa, haverá sempre desconfiança, porque os moçambicanos sabem que FRELIMO, que é representado por Daniel Chapo, tem uma ligação umbilical com o MPLA. E quem governa Angola é o MPLA. Logo, qualquer intervenção de Angola vai ser cogitada como uma intervenção do MPLA. Logo, o MPLA vai beneficiar a FRELIMO que é seu irmão", conclui.