1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Angola - país mais atrativo em África para os investidores estrangeiros

26 de julho de 2011

A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) divulga relatório sobre os investimentos mundiais em 2010. Angola é mais uma vez o maior recipiente de investimentos na África.

https://p.dw.com/p/RcDz
UNCTAD divulga relatório sobre os investimentos mundiais em 2010

Angola mantém-se como o país mais atrativo para os investidores estrangeiros, de acordo com o relatório da UNCTAD, lançado nesta terça-feira (26/7) em Genebra. Em 2010, o país atraiu investimentos estrangeiros diretos no valor de 9,9 mil milhões de dólares americanos.

Porém, segundo o World Investment Report (WIR) o investimento em Angola diminuiu de 2009 para 2010 em cerca de 20%. Em 2009, as empresas estrangeiras tinham investido 12 mil milhões de dólares em Angola.

Angola Buengela Bahn
Angola - Caminhos de ferro de Benguela, um setor que aguarda investimentosFoto: picture-alliance / dpa

Segundo o chefe do departamento de análise de investimento na UNCTAD, Masataka Fujita, uma das causas é o que ele chama de "desinvestimento": "Uma das razões é que as empresas estrangeiras vendem suas ações para empresas nacionais de petróleo, por isso que nas estatísticas o fluxo de investimento estrangeiro direto caiu um pouco no país", explica o analista.

África ainda sofre com a crise económica

O relatório das Nações Unidas aponta que a África sofreu queda de 9% no investimento estrangeiro direto no ano passado. Para além de Angola, os investimentos também diminuíram nos outros países lusófonos de África. Moçambique conseguiu atrair 789 milhões de dólares em 2010, depois de 893 milhões de dólares em 2009.

Para o economista moçambicano Lourenço Veniça, o continente está sofrendo um efeito retardado da crise, que teve início em 2008: "Sabemos que a Europa está com problemas, os Estados Unidos têm uma grande dívida e até a Índia e a China, a nossa esperança em termos de alguma procura, produzem para o mercado mundial, mas esse mercado está em recessão", diz o economista.

"Há uma pequena possibilidade de haver um mercado inter-regional entre os países da África Subsaariana, de modo que esses investimentos fiquem nesses países, mas é muito fraca a capacidade de investimento, sobretudo em termos de capital necessário para isso", ressalta Veniça.

O economista também destaca que Moçambique continua a ser um potencial para grandes investimentos por causa dos recursos naturais, mas essa exploração tem uma série de restrições: "É o caso dessa iniciativa sobre a indústria extrativa que considera os recursos naturais como uma maldição, em que durante o tempo em que os investimentos forem acontecendo, vai se explorando até o seu esgotamento e, depois, o que fica são só desertos, que podem não beneficiar a ninguém", afirma.

Lourenço Veniça acredita que o que se pretende em Moçambique é criar uma espécie de efeito "industrializante". "Criar indústrias que sejam muito mais relacionadas com as outras indústrias, como é o caso do carvão de Tete, em que o objetivo é construir grandes capacidades de produção de energia para depois alimentar o restante da indústria", diz o economista.

Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe

Os outros países lusófonos registraram investimentos estrangeiros diretos relativamente reduzidos em comparação com o "líder" africano, Angola, e Moçambique, que segundo a UNCTAD fica no 18° lugar entre os países africanos.

Em 2010, Cabo Verde registrou fluxos de 111 milhões de dólares, uma ligeira quebra comparado com 2009 com 119 milhões de dólares. Quase sem investimentos estrangeiros diretos ficou a Guiné-Bissau, que apenas atraiu 9 milhões de dólares (2009: 14 milhões). A maior quebra relativa sofreu São Tomé e Príncipe, que viu os seus investimentos caírem de 14 milhões em 2009 para apenas 3 milhões de dólares em 2010, segundo os dados do World Investment Report da UNCTAD.

Brasil detém a maior parte dos investimentos na América Latina

Brasil Logo
Investimento estrangeiro aumentou 13% na América Latina e no Caribe. O Brasil teve o maior volume entre os países da América LatinaFoto: www.turismo.gov.br

O levantamento da Unctad indica que o investimento estrangeiro aumentou em 13% na América Latina e no Caribe. O maior aumento foi na América do Sul, onde os investimentos aumentaram 56%, passando para 86 mil milhões de dólares. Só o Brasil abocanhou mais da metade desse montante, o maior volume entre os países da América Latina.

Para 2011, as estimativas da UNCTAD são de crescimento dos fluxos de investimento direto, enquanto as saídas de investimentos para o exterior estão em declínio.

Autora: Daniella Zanotti
Edição: António Rocha / Johannes Beck