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Angola: Impugnação de Adalberto Costa Júnior à vista?

28 de maio de 2021

"Quem quiser ser líder da UNITA deve aguardar pelo próximo conclave de 2023", considera Abílio Kamalata Numa, reagindo a uma tentativa de impugnação movida por alguns membros do partido contra Adalberto Costa Júnior.

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Adalberto Costa Junior
Foto: DW/M. Luamba

O assunto sobre alegada crise interna no partido do Galo Negro continua em alta na imprensa angolana. Nos últimos dias, um grupo de militantes da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) fez ataques à liderança do partido e dirigiu-se ao Tribunal Constitucional para exigir a impugnação do congresso que elegeu o atual líder do maior partido da oposição em Angola.

Os militantes, que só dão entrevista à imprensa pública angolana, são liderados por Kawiki Sampaio da Costa, antigo secretário para mobilização da UNITA em Luanda. O grupo acusa Adalberto Costa Júnior de violar o Estatuto do partido, alegadamente por ter dupla nacionalidade – angolana e portuguesa. 

Declarações insultuosas

Muitos militantes e dirigentes da organização política fundada por Jonas Savimbi, consideram essas declarações insultuosas. O general Abílio Kamalata Numa, um dos concorrentes à presidência da UNITA no congresso realizado em novembro de 2019, é disto exemplo.

UNITA Flagge auf einer Kundgebung in Huambo in Angola
Foto: DW/N. Sul D'Angola

Em declarações à DW África, o general Numa acusa o Movimento pela Libertação de Angola (MPLA), partido no poder em Angola desde 1975, de estar a investir dinheiro público para comprar a consciência de figuras que estão a fazer insultos à UNITA.

No entanto, num comunicado divulgado na semana passada, o Bureau Político do MPLA negou ser "padrinho" da deserção de militantes da UNITA.

Mas a justificação do MPLA não convence, Abílio Kamalata Numa, que ocupa o cargo de secretário para os antigos combatentes da UNITA, diz que, se os dissidentes não fossem aliciados pelo partido no poder, não estariam a residir atualmente em hotéis.

"É assim que muitos desses angolanos saíram dos seus lares, estão hospedados em todos os hotéis e restaurantes onde eles passaram a viver, infelizmente", indica o político.

Abílio Numa acusa o grupo de se ter deixado aliciar pelo MPLA devido a dificuldades financeiras, porque no seu entender "foi mesmo esse aperto financeiro que todos nós vivemos que fez com que fossem vítimas de mais uma cruzada que o MPLA tenta levar contra a UNITA".

Sem legitimidade para demitir a direção da UNITA

Sobre a tentativa de impugnação de mandato do congresso que elegeu Adalberto Costa Júnior, Abílio Kamalata Numa afirma que aquelas figuras não têm legitimidade para demitir a direção do Galo Negro eleita em 2019.

"Quem quer candidatar-se nos próximos tempos, o partido tem esta abertura, e lá vem o 2023, que teremos outro congresso", afirma Numa, para quem "neste momento o presidente da UNITA é o engenheiro Adalberto Costa Júnior, eleito no XIII Congresso em 2019".

Angola Vermeintliche politische Krise in der UNITA
Álvaro Chikwamanga Daniel, secretário-geral da UNITA. Foto: Borralho Ndomba/DW

Ainda de acordo com o general, "esses militantes não têm nenhuma legitimidade de poderem convocar congressos extraordinários, a elencar quem seria destituído da presidência e quem seria o futuro presidente de Angola".

Propagandas contra a oposição

O secretário-geral da UNITA, Álvaro Chikwamanga Daniel, diz que o que está ocorrer no país são propagandas com a finalidade de ofuscar a imagem da oposição e a sua liderança.

"Sendo a UNITA a força política a que o povo mais confia para concretizar a alternância política, a oligarquia que capturou o Estado, roubou e continua a roubar Angola, desgraçou e continua a desgraçar os angolanos, atira-se desesperada e deliberadamente contra o Presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, na tentativa de desestabilizar e ofuscar a sua liderança", considera Daniel.

Entretanto, diante da polémica criada por dissidentes, o secretário-geral da UNITA esclareceu recentemente, aos militantes do seu partido que Adalberto Costa Júnior já renunciou a nacionalidade portuguesa.