1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Angola: Demolições caíram mas ainda há famílias ao relento

Lusa
9 de fevereiro de 2024

O coordenador da organização não-governamental angolana SOS Habitat diz que as demolições em Luanda diminuíram, por falta de potenciais investidores, mas persiste a violação dos direitos das famílias.

https://p.dw.com/p/4cEqH
Rafael Morais, ativista
Rafael Morais, ativista (Foto de arquivo)Foto: privat

Segundo Rafael Morais, muitas famílias continuam ao relento e, em tempo chuvoso, a situação piora.

"As demolições diminuíram porque vimos que as pessoas que eram detentoras de poder financeiro, naquela altura, hoje já não têm esse dinheiro para continuar a fazer obras. Estamos a ver muitos lugares que eram ocupados anteriormente, hoje abandonados, não estão a dar seguimento porque já não têm dinheiro, tendo em conta que o dinheiro que conseguiram presume-se que era de forma ilícita", declarou esta sexta-feira (09.02).

"A demolição é o último processo que devia acontecer, é um processo que respeita cláusulas, falo do processo de notificação das famílias, cadastramento das famílias, encontrar alternativa habitacional e, por último, demolir, o que só deve acontecer quando o local visado é para a construção de um bem público. Quando for para um bem privado o caso deve ser entregue ao tribunal", referiu.

O ativista frisou que, em Angola, acontece o contrário, são feitas as demolições com o fim único de atender a um privado, "e as famílias ficam ao relento, não há nenhum procedimento legal para fazer o acompanhamento", ou seja, "garantir o bem-estar da família".

Centenas de famílias ficaram desalojadas por causa da construção do novo aeroporto em Luanda
Centenas de famílias ficaram desalojadas por causa da construção do novo aeroporto em LuandaFoto: Borralho Ndomba/DW

"Tem crianças, idosos, que hoje encontram-se numa situação cada vez mais difícil. Temos [zonas de Luanda] o Zango, a Areia Branca, nessa situação, na Quiçama, na Vida Pacífica, locais onde o Governo reassentou essas famílias, que não tem casas, elas continuam a passar uma situação difícil", realçou.

Rafael Morais defendeu que, para as pessoas que vivem em casas de chapa, o Governo deve criar lotes para autoconstrução e disse que, apesar de diminuírem as demolições, estas continuam a acontecer, principalmente nas províncias de Benguela, Huambo e Luanda.

O defensor dos direitos humanos apelou ao Governo a que as casas que foram recuperadas pelo Estado, no âmbito da luta contra a corrupção, sejam entregues a famílias interessadas em dar continuidade elas próprias às obras.

"Por exemplo, no Kilamba, na Vida Pacífica, tem projetos abandonados. Essas casas devem ser entregues sobretudo àquelas famílias de baixa renda. O Governo está a construir centralidades, mas são para famílias de média renda e temos famílias de baixa renda que também precisam. O Governo tem que olhar principalmente para essas famílias", frisou.