Corredor do Lobito demora no mínimo 5 anos a ficar concluído
1 de dezembro de 2024"A estimativa é ter o fecho financeiro do projeto nos próximos dezoito meses, e depois entre três a cinco anos de construção, e durante esse período veremos como melhorar o calendário de construção", disse o diretor do projeto de desenvolvimento do corredor do Lobito e vice-presidente sénior da Corporação Financeira Africana (AFC), Osaruyi Orobosa, explicando que para se usar a linha não é preciso ela estar construída em toda a extensão.
"Podemos ir operando elementos da linha, mas só depois da seleção dos empreiteiros, por isso contamos, no mínimo, com cinco anos até ver o primeiro comboio (a percorrer toda a infraestrutura). Estamos no princípio de um longo caminho", acrescentou, em entrevista à Lusa a partir de Lagos, na Nigéria.
O vice-presidente da AFC, entidade que é o principal promotor, juntamente com os Estados Unidos, a União Europeia e os governos de Angola, República Democrática do Congo (RDCongo) e Zâmbia, explicou como vai desenvolver-se este “projeto transformador” que liga o porto angolano do Lobito, às regiões ricas em minerais dos outros dois países africanos.
A linha férrea entre Lobito e a RDCongo foi construída no princípio do século XIX, mas precisou e precisa de substanciais melhoramentos para permitir um funcionamento mais eficaz, explicou, lembrando que a concessão ferroviária está atribuída, por 30 anos, a um grupo de empresas europeias formado pela portuguesa Mota-Engil, a Trafigura e a Vecturis.
Questionado sobre os montantes necessários para este projeto e quem irá pagar, Osaruyi Orobosa disse que o valor final não está definido, mas que os governos dos três países africanos não serão chamados a suportar o custo.
2,5 a 5 milhões de dólares
"Estamos ainda a fazer o projeto, não sabemos quanto vai custar; há estimativas de 2,5 até 5 milhões de dólares (2,2 a 4,4 milhões de euros) por cada quilómetro", afirmou o vice-presidente da AFC, salientando que antes de ir ao mercado apresentar o concurso público, é preciso tirar risco ao projeto e garantir condições regulamentares favoráveis para os empreiteiros, e aqui entram os governos, que elogiou pela disponibilidade, rapidez e empenho na concretização do projeto.
"A ideia é os governos melhorarem o ambiente empresarial e darem incentivos fiscais, não é pagarem nada; devido à dimensão do projeto, estamos a olhar para financiamento das agências de crédito à exportação, esperamos que os próprios empreiteiros tragam financiamento, e que os investidores privados participem, para além de algumas instituições multilaterais que vão contribuir com subvenções para garantir a viabilidade do projeto", explicou.
"O nosso trabalho é garantir que o projeto é bancável e que não há falta de investidores, mas é prematuro avançar valores, porque queremos apresentar aos investidores o melhor preço para a melhor obra possível, o que deveremos fazer daqui a três a seis meses", adiantou.
Angola cria fundo de garantia de 120 milhões de dólares
O governo de Angola vai criar um fundo de garantia de 120 milhões de dólares (cerca de 113,5 milhões de euros) para as empresas que queiram investir em projetos no Corredor do Lobito, disse o ministro do Planeamento.
"Vamos criar um fundo de garantia de crédito para que os bancos possam emitir garantias aos empresários que queiram investir ao longo do Corredor do Lobito nas diversas áreas, como agricultura, indústria e comércio", disse Victor Hugo Guilherme.
Questionado sobre o valor deste fundo que serve de garantia para os investidores, o ministro do Planeamento de Angola disse que o fundo será dotado de 120 milhões de dólares, mas salientou que "com engenharia financeira" o valor destas garantias, que podem também ser empréstimos para investimentos, poderá aumentar.