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Comunidade LGBT quer orientação sexual inscrita nos censos

Lusa
8 de fevereiro de 2023

Associação Íris Angola defende que os questionários do Censo 2024 devem ser mais inclusivos.

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Foto: Ben Curtis/AP Photo/picture alliance

A associação LGBT Íris Angola defendeu esta quarta-feira (08.02) a inclusão da orientação sexual nos questionários sobre o Recenseamento Geral da População e Habitação - Censo 2024 para uma "integração nas políticas públicas", um pedido que está a ser estudado pelas autoridades.

"Sabendo onde estamos mais agregados, aí também poderemos nós, responsáveis da comunidade, fazer mais advocacia junto do Governo e de outros parceiros", disse o diretor da Íris Angola, Carlos Fernandes.

Diretor e cofundador da Associação Íris Angola, Carlos Fernandes
Diretor e cofundador da Associação Íris Angola, Carlos FernandesFoto: DW/K. Ndomba

Falando à margem da Semana Angolana de Estatística, promovida em Luanda pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), Fernandes referiu que a comunidade LGBT em Angola precisa de políticas públicas específicas.

Em Luanda "encontramos muitos LGBT em Viana, no Zango, então são zonas que precisam de políticas públicas específicas como escolas, hospitais, onde por vezes não vão por não existir política pública de capacitação de pessoas que trabalham nesses espaços", apontou.

Questionários mais inclusivos

O diretor e cofundador da Associação Íris Angola defendeu também que os questionários do Censo 2024 devem ser mais inclusivos, considerando que os dados estatísticos da comunidade LGBT devem concorrer para "melhor planificação" das ações.

"Angola, por exemplo, recebe dinheiro para o combate ao VIH a nível das pessoas da nossa comunidade, então como é que vamos fazer uma planificação se estamos a alcançar os objetivos, se não somos contados?", questionou. "No Plano Nacional dos Direitos Humanos também fazemos parte e, então, como é que vamos aferir se estamos ou não a avançar em torno dos nossos direitos previstos no Código Penal? Então, é por este motivo que estamos aqui a bater na tecla de sermos incluídos", explicou.

Em resposta, o diretor geral do INE angolano, José Calengi, disse que a comissão técnica do Recenseamento Geral da População e Habitação - Censo 2024 vai estudar o caso.

Teatro contra a discriminação em Angola

"Existe um padrão, as ideias foram apresentadas e a comissão técnica vai estudar a maneira de os enquadrar, embora do ponto de vista geral a temática do género esteja enquadrada, nós, como sempre temos estado a dizer, todos contamos para Angola", disse.

Angola realiza, em 2024, o Recenseamento Geral da População e Habitação e estima que a população atinja os cerca de 35 milhões de habitantes. Decorre neste momento a atualização da cartografia em espaço do território angolano para a definição e redefinição dos limites dos bairros do país.