1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Cemitérios vandalizados na província angolana do Bengo

2 de novembro de 2020

O funcionamento do principal cemitério da província do Bengo está ameaçado. Após vandalismo, serviços funerários já foram suspensos em cinco dos oito cemitérios do Dande. Falta de vigilância é uma das causas apontadas.

https://p.dw.com/p/3kkpF
Angola Dande | Friedhöfe geplündert | Grabsteine
Foto: António Ambrósio/DW

"Sumba Futa", expressão da língua local kimbundu que em português significa "compra e paga", é o nome do principal cemitério da província do Bengo, que está em franca degradação. 

O cemitério do Dande, município a 80 quilómetros de Luanda, foi colocado à disposição da população há cerca de 10 anos, mas funcionários dizem que em breve pode deixar de haver condições para a realização de funerais no local.

A DW África visitou o cemitério e constatou o estado de degradação em que se encontra: portões destruídos, janelas partidas, falta de agentes de segurança, campas desorganizadas.

"Os portões não fecham por causa da vandalização da população. Sempre que a população chega antes do funcionário - cujo turno inicia às 8h da manhã - quer abrir da sua maneira. Rompe o cadeado e acaba estragando tudo", descreve o técnico de serviço no cemitério do Bengo, Paixão Gomes.

Angola Dande | Friedhöfe geplündert | Friedhofspavillon
Estruturas foram danificadas no cemitério Sumba FutaFoto: António Ambrósio/DW

Cerca de cinco áreas foram construídas para acolher os serviços administrativos do cemitério, mas apenas uma sala serve para isso porque várias janelas e portas foram quebradas nas outras.

Paixão Gomes explica que não há vigilantes no cemitério e isso deixa o local desprotegido, favorecendo à deserdação do património. "A população quando chega aqui, entra e faz o que quer. Apenas no nosso gabinete é que as pessoas têm medo de mexer", constata.

Não há explicação

Cinco dos oito cemitérios com administração da municipalidade suspenderam a realização de funerais. O serviço é essencial e não tem previsão de ser restabelecido.

Diante dessa falta de zelo pelo património comunitário, a pergunta que os moradores fazem é: Afinal o que leva as pessoas a vandalizarem cemitérios?

Hilário Panda, residente do Dande,acha que falta "respeito e amor" aos entes queridos. "Devemos ter cuidado, mas acabamos por vandalizar. Isto não é um bom hábito. É mesmo a falta de respeito e educação", reclama.

Angola Dande | Friedhöfe geplündert | Dondo's Management
Municipalidade informa que iniciará reforma no principal cemitério do BengoFoto: António Ambrósio/DW

Já outro morador, António Leite, acha que o que ocorre é uma espécie de inconsequência: "Só aquele que não pensa no futuro é que pode ter a coragem de vandalizar um cemitério, porque se você pensa no amanhã, não vai destruir aquilo que é bem público", interpreta.

Falhas na gestão

Contatado pela DW África, o administrador-adjunto para a Área Técnica do Dande reconhece falhas na gestão do cemitério. Segundo Abeki José, dentro de alguns meses, o cemitério entrará em obras de reabilitação. 

"Há um projeto de reabilitação no próximo ano e vai velar por estas questões todas. Depois disto é que se vai colocar agentes de segurança", explica.

A Polícia Nacional no Bengo nunca recebeu denúncias de vandalização daquele cemitério, avançou à DW África o diretor do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa, Gaspar Luís. 

"Esta é a primeira denúncia que estamos a receber. Aquilo é um bem público, é de todos nós e devemos primar para que aquele local não seja vandalizado. Contudo registamos a preocupação e vamos encaminhar para os órgãos de direto, o SIC assim como o Comando Municipal do Dande", adiantou.

Angola: Centenas de famílias em tendas depois das chuvas