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Angola: Avançam preparativos para frente sindical única

António Ambrósio
20 de janeiro de 2023

As reivindicações laborais em Angola poderão ganhar mais força com o surgimento de uma frente sindical no setor público. Há ameaças de uma greve geral, mas analistas advertem contra uma paralisação do país.

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Greve do setor público em Angola
Foto: Borralho Ndomba/DW

Enquanto cresce a frequência de greves em Angola, vários sindicatos do setor público preparam a formação de uma frente sindical única para dar maior força às reivindicações laborais.

Admar Jinguma, secretário-geral do Sindicato de Professores, avança que estão já a ser dados os primeiros passos. "Nós temos sido contactados por outros de outros setores, até de empresas públicas para que haja isso, mas é um pouco difícil de conseguir no contexto [angolano]", disse Jinguma à DW África, acrescentando: "Era bom que houvesse essa frente comum".

Neste momento há várias greves suspensas, nomeadamente a dos professores e a dos médicos. As forças sindicais querem alterações no imposto sobre o rendimento do trabalhador, o pagamento regular de subsídios e uma melhoria das condições de trabalho de uma forma geral.

Greve no setor da Saúde no Bengo
Em Angola aumenta a frequência de greves no setor públicoFoto: António Ambrósio/DW

Governo acusado de ignorar reivindicações

Apesar de algumas reservas o líder do Sindicato de Professores do Ensino Superior, Pérez Alberto, diz estar pronto para uma luta conjunta. "Ao Governo falta boa vontade política e isso o sindicato tem vindo a denunciar há mais de três anos", disse Alberto, que salientou que os sindicatos devem agir em parceria, porque "o Estado não consegue responder com eficiência aos problemas" e os seus agentes não olham a meios para se manterem no poder.

O responsável do Sindicato dos Médicos Angolanos, Adriano Manuel, que confirmou à DW África a possibilidade de uma greve geral no setor público, entende que o Governo tem "humilhado" os sindicatos, por exemplo, convocando conselhos consultivos que não incluem os representantes dos trabalhadores, "porque já sabe que não precisa conversar com sindicatos, porque é a via que encontrou para dissuadir, aliada ao facto de que há uma estratégia de dividir para melhor reinar."

Greve geral põe em causa a economia

O analista Ngongo Mbaxi entende que o surgimento desta corrente sindical demonstra o nível de insatisfação dos trabalhadores. "Quase todos problemas são transversais a todos setores. Estamos a falar da atualização da carreira, ajuste salarial face ao poder de compra, as promoções entre outros", disse Mbaxi.

O analista alerta ainda que uma possível greve geral pode ter consequências nefastas: "Uma greve geral implicaria paralisação total e um colapso para nossa economia e para o nosso país no seu todo".

Angola: Médicos ameaçam com greve nacional