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Assassinato da esposa de João Mpilamosi gera questionamentos

26 de junho de 2021

Assassinato da esposa de membro do MPLA no Bengo aqueceu o debate sobre segurança pública. Enquanto o crime permanece por esclarecer, ventila-se a possibilidade de ter na sua base um "recado" político.

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Ein Mann mit Pistole
Foto: picture-alliance/dpa/R. Schlesinger

O assassinato da enfermeira Cristina Armando Kizala, esposa do segundo secretário provincial do MPLA no Bengo, João Mpilamosi, na sexta-feira (25.06), continua a ser tema em vários cantos daquela província angolana. Enquanto as autoridades desdobram-se a procura de esclarecimentos, vários questionamentos continuam por se responder.

Arlindo Paulo, porta-voz do MPLA no Bengo, entende que a questão da segurança pública deve ser abordada tal como acontece com assuntos ligados ao combate à corrupção e à Covid-19. O político prefere não associar o caso a um recado aos políticos.

"Eu quero acreditar, até ao momento, que não tenha sido uma questão de enviar recado a pessoas politicamente expostas. Que seja um ato em que os marginais conhecendo o cenário, a pessoa, tendem a realizar as suas atividades normais, o que é condenável", afirma à DW.

"Mas cada caso é um caso, e nós não podemos baixar a guarda. Precisamos dar espaço à polícia e às pessoas de direito e, se provar que seja um recado, que nos estabeleçam critérios de segurança", pondera.

Ngongo Mbaxi, outro político e militante do MPLA, entende ser um momento para se refletir a questão da segurança pública.

"Nem mesmo nas nossas casas estamos seguros. Imagine que havia até segurança em casa. Os bandidos vieram, fizeram e desfizeram, a polícia não apareceu", argumenta.

Afrika Arlindo Paulo Leiter der Abteilung für Information und Propaganda - MPLA
Arlindo PauloFoto: Ambrósio António/DW

Perseguição latente

O académico e analista Amílcar de Armando diz ser prematuro tecer comentários profundos, mas não descarta a questão da conspiração.

"Falar em conspiração ainda é cedo, teríamos de esperar pelo boletim da polícia", afirma.

Mas, para Amílcar de Armando, "quando situação deste género chega a autoridades como o Mpilamosi, que até é segundo secretário provincial do MPLA numa província, podemos ver que não temos ainda o problema da segurança pública resolvido".

Enquanto não se esclarecem as questões, todos cenários são possíveis e devem ser levados em consideração, entende o sindicalista Admar Jinguma.

"Quando se exerce este tipo de cargo, fazem-se muitas amizades e muitas inimizades também. Agora, é claro que nós não podemos agradar a gregos e troianos, embora no exercício das nossas funções tenhamos a obrigação de fazer o melhor de nós no sentido de satisfazer os nossos destinatários", avalia.

Admar Jinguma considera ainda que "a perseguição a políticos e gestores é algo que está sempre latente".

"Não é por acaso que estas figuras estão rodeadas de seguranças: segurança no carro, segurança em casa, segurança no trabalho, colete antibala, enfim. Esse aparato de segurança [existe] exatamente porque, a partir do momento que as pessoas ascendem a cargos de responsabilidade, estão expostas a qualquer tipo de atentado", considera.

Com João Mpilamosi, partilha a mesma sede partidária o político e chefe de secretaria Adolfo Cafumana, que diz não existirem razões para perseguição.

"Associar este caso com a morte da sua esposa, não estaríamos a ser dignos - porque a sua função de segundo secretário foi bem recebida ao nível da província. As pessoas consideram-no alguém muito bom. É difícil descrever, mas não creio que este caso tem a ver com a sua posição ao nível da província", afirma.

Clima de insegurança

O jurista António Pedro condena o ato e entende que está instalado o sentimento de insegurança. Pedro diz mesmo que voltar à casa vivo é uma bênção.

"Sair na rua e voltar é uma bênção. Não sabemos o que é que acontece, mesmo na estrada, assistimos assaltos de viaturas ao longo da via pública, de dia. Portanto, não há como não estar num clima de insegurança perante tantos episódios que se tem verificado no nosso país", diz.

João Mpilamosi, no cargo de segundo secretário provincial do MPLA no Bengo, desde junho de 2018, perdeu a sua esposa assassinada a tiros por um grupo de homens que invadiram a residência do casal na madrugada de sexta-feira (25-06).

Segundo fonte partidária, ainda não há data para o funeral, mas deverá acontecer na próxima semana.

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