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Alemanha e Angola esforçam-se por superar dificuldades de cooperação

17 de fevereiro de 2012

Delegação angolana encontra empresários alemães em Berlim para criar comissão de cooperação bilateral; alemães "sofrem" com preços altos em Angola, mas querem diversificar investimentos.

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Angela Merkel (esq.) e o presidente angolano José Eduardo dos Santos, durante visita da chanceler alemã a Luanda, em 2011, em que a Alemanha prometeu ajudar Angola com a defesa do país africano
Angela Merkel (esq.) e o presidente angolano José Eduardo dos Santos, durante visita da chanceler alemã a Luanda, em 2011, em que a Alemanha prometeu ajudar Angola com a defesa do país africanoFoto: dapd

A delegação angolana que foi a Berlim para a criação da Comissão de Cooperação Bilateral Angola-Alemanha participou na tarde desta sexta-feira (17.02) de um encontro com empresários alemães.

Cerca de cem pessoas participaram do encontro econômico que reuniu a delegação angolana e empresários alemães em Berlim. O evento, organizado pela Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK) e pela Afrika Verein, a associação empresarial alemã para a África, busca criar oportunidades de negócios entre Alemanha e Angola.

Uma tarefa que parece delicada para os alemães no país ocidental africano. Mark Heinzel, consultor de cooperação de desenvolvimento da confederação, revelou que "é importante criar uma base de confiança entre as empresas alemãs e o governo de Angola, porque é difícil convencer os empresários alemães a investir em África pelas más experiências das décadas passadas".

Para Heinzel, o continente africano, mas principalmente Angola, mudaram muito nas últimas décadas, "especialmente após o fim da guerra civil. Por isso, Angola é agora um ponto de investimento muito interessante para nós", afirmou.

Casamento perfeito

Por outro lado, não faltam interesses em explorar mutuamente as mais valias dos dois países. O encontro econômico entre empresários alemães e angolanos acontece na sequência da criação da Comissão de Cooperação Bilateral Angola-Alemanha.

O Secretário de Estado das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto, afirmou que seu país precisa de investimentos: "Parece haver uma nova visão da Alemanha em relação à África. Para nós, este é um casamento perfeito", disse Augusto.

"Estamos a consolidar a nossa economia, temos um grande potencial e recursos que a Alemanha precisa. E a Alemanha tem tecnologia, liquidez financeira e expertise que nos vão ajudar a reconstruir nosso país muito mais rápido do que está a acontecer até agora", acrescentou.

Como exemplo, Manuel Augusto destaca a importância do setor energético e disse que a Alemanha é um mercado atraente para a exportação do gás angolano: "Estamos com um projeto de GNL (gás natural liquefeito), onde [sic] a Alemanha pode ser um dos compradores desse gás que vamos produzir e vender para todo o mundo. A Alemanha precisa também de diversificar as suas fontes [de recursos naturais], quer deixar de depender dos países do Leste Europeu, portanto há aí um potencial", acredita.

Dificuldades

O diretor-geral da empresa alemã Siemens em Angola, Jorge Tropa, veio a Berlim especialmente para participar do encontro e falou sobre as dificuldades em produzir no país africano: "Pode ser mais oneroso produzir em Angola que fazer uma exportação simples, uma vez que o custo de vida em Angola é muito elevado e há escassez de componentes, obrigando a importação dos mesmos", descreveu.

Jorge Tropa revelou também as expectativas com a criação da Comissão de Cooperação Bilateral e se mostrou animado: "É uma oportunidade para que se crie a plataforma certa para que os negócios, o desenvolvimento econômico e os projetos realmente aconteçam", afirmou, dizendo que isso poderá ser alcançado de uma forma "cooperativa": "É preciso que os governos se entendam, que a parte financeira esteja disposta a assumir o risco, que as garantias sejam dadas, e as empresas têm que sentir a confiança de que vale a pena ir para Angola".

Autora: Cris Vieira (Berlim)
Edição: Renate Krieger / António Rocha

Segundo estudos recentes, Angola seria uma das cidades mais caras do mundo para expatriados
Segundo estudos recentes, Angola seria uma das cidades mais caras do mundo para expatriadosFoto: picture-alliance/dpa