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Alemanha apoia intervenção militar francesa no Mali

Correia da Silva, Guilherme14 de janeiro de 2013

Suporte, no entanto, é apenas político, logístico ou humanitário. Para Berlim, enviar soldados alemães para combater no Mali está fora de questão, disse ministro das Relações Exteriores, Guido Westerwelle.

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A Alemanha apoia a intervenção militar da França no Mali ao nível político. Para o governo alemão, Paris está a lidar com a situação no terreno de forma correta e consequente, ao impedir o avanço dos militantes islamitas que rumam à capital, Bamaco.

Mas enviar soldados alemães para combater no Mali não é uma opção, sublinhou nesta segunda-feira (14.01) o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Guido Westerwelle. "O governo federal decidiu entrar em diálogo com a França para saber como podemos apoiar o esforço francês, sem ser através do envio de tropas de combate. Por exemplo, a nível político, logístico, ao nível da assistência humanitária ou médica. Nós, europeus, temos um interesse comum em garantir que o Mali não se torne num paraíso do terrorismo, aqui mesmo à nossa porta".

Este posicionamento do governo alemão também é apoiado pela oposição. Até agora, há apenas uma ou outra voz mais crítica das fileiras do partido A Esquerda (Die Linke) ou do Partido Verde.

Entre os políticos alemães, um dos poucos que, à partida, não exclui a hipótese de uma intervenção militar da Alemanha no Mali é Andreas Schockenhoff. Ele é especialista em política externa da bancada dos cristãos-democratas (CDU, partido da chanceler Angela Merkel e maioritário na coligação de governo) na Câmara Baixa do parlamento alemão, o Bundestag. Segundo Schockenhoff: deve-se evitar o mais cedo possível que o Mali se torne numa "fonte permanente de perigo para a Europa".

França tem mais possibilidade de ação, diz governo alemão

A decisão do governo da Alemanha de não enviar tropas de combate para o Mali vai na mesma linha da União Europeia.

Por que é que a França colocou, então, militares a combater no Mali? Para Steffen Seibert, porta-voz da chanceler alemã, Angela Merkel, é óbvio: "Devido à sua tradição, à história, à ligação com esta parte de África e também devido ao atual estacionamento das tropas nos países vizinhos do Mali, é evidente que a França tem muito mais possibilidades de ação."

Segundo Seibert, teria sido precisamente por isso que o governo do Mali pediu ajuda militar especificamente à França e não à Alemanha.

De acordo com o ministro alemão da Defesa, Thomas de Maizière, a França é o único país que tem condições de impedir que os militantes islamitas conquistem o sul. À guerra desigual liderada pelos islamitas, seria mais fácil responder com as forças que já estão no terreno, ou seja, os militares franceses.

"Rosto africano"

A esse propósito, Berlim diz ainda que a intervenção no Mali devia ter um "rosto africano" o mais depressa possível. A Alemanha quer apoiar os esforços políticos e militares da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para estabilizar a situação no terreno.

Desde março de 2012, depois de um golpe de Estado militar que criticou o então governo pela fraca atuação diante de grupos islâmicos e tuaregues independentistas no norte do Mali, a região é dominada principalmente por grupos radicais islâmicos que agora avançam para o sul.

Para já, há também a intenção de enviar uma missão da União Europeia de 200 militares para dar formação às forças militares malianas. No Ministério dos Negócios Estrangeiros, a ideia não foi abandonada e diz-se mesmo que o envio de uma missão desse género deve ser acelerado.

Porém, isso não teria relevância para a situação atual do país, mas sim para o futuro. De acordo com o ministro alemão da Defesa, Thomas de Maizière, antes de enviar essa missão de formação é preciso saber quem lidera o país. "Golpistas não podem ter a última palavra", disse.

Nesta segunda-feira (14.01), a organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional também divulgou comunicado pedindo que "todas as partes envolvidas no conflito armado no Mali precisam de assegurar a proteção de civis", no âmbito da intervenção francesa. De acordo com a vice-diretora do departamento África da AI, Paule Rigaud, as forças envolvidas deveriam evitar ataques e bombardeamentos indiscriminados a todo custo.

"A comunidade internacional tem a responsabilidade de evitar um aumento de abusos durante esta nova fase do conflito", disse Rigaud, segundo o texto da AI, que ainda pede que as forças francesas alertem os civis o quanto antes sobre ataques.

Autor: Bernd Gräßler (Berlim)/Guilherme Correia da Silva/RK
Edição: António Rocha