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AI - Relatório anual sobre África

24 de maio de 2012

Em muitos países africanos as violações dos direitos humanos continuam na ordem do dia. Em Angola, por exemplo, é preciso muita coragem para sair à rua em protesto contra o governo, diz a Amnistia Internacional.

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Logo Amnesty International
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A organização de direitos humanos, no seu último relatório anual sobre África, denuncia a ocorrência, em 2011, de muitos ataques arbitrários das forças de segurança contra manifestantes pacíficos. Mesmo assim, os cidadãos no norte de África não se deixaram desmoralizar e conseguiram derrubar vários regimes ditatoriais. Na África subsaariana os protestos não tiveram o mesmo êxito, afirma-se no mesmo relatório.

Erwin van der Borght, director para África da Amnistia Internacional, destaca as razões para o aumento dos movimentos de protesto em África: "A fúria contra as condições de vida demasiado difícieis, a complacência dos regentes autoritários e muitos outros motivos levaram as populações a sair à rua..." e acrescenta: "Muitas vezes a reação dos governantes foi brutal. As manifestações foram reprimidas, muitas vezes com violência excessiva. A reação dos governos autoritários nestes páises é uma deceção. Em vez de responderem positivamente às reivindicações justificadas, reconhecendo os problemas existentes, simplesmente reagiram com mão de ferro".

Manifestações reprimidas com violência: na foto: manifestação em Argel, 06.01.2011
Manifestações reprimidas com violência: na foto: manifestação em Argel, 06.01.2011Foto: dapd

Angola consta da lista dos países mais repressivos


Angola, Sudão, Zimbabué e Senegal, no relatório da AI são apresentados como países em que as forças de ordem apoiaram os regimes na repressão brutal das manifestações. Houve muitos feridos e - em alguns países - mesmo mortos. O resumo da Amnistia Internacional é amargo: "Em muitos estados da África subsaariana, os líderes políticos são parte do problema, e não a sua solução".

A situação no Mali é um exemplo. A Amnistia Internacional vê aqui as piores violações dos direitos humanos em 50 anos. Tudo começou com o colapso do regime do coronel Kadhafi, que resultou no regresso ao Mali de ex-combatentes do líder líbio. Seguiu-se o agravamento da situação de insegurança no país, dando novo alento à revolta dos tuaregues no norte e às atividades da organziação terrorista Al-Qaida no Magrebe. A consquência no Mali foi um golpe de Estado e a formação de um governo de transição.

Os movimentos anti-governamentais nos países subsaarianos não foram tão bem sucedidos como no Magrebe. Na foto: manifestação na Guiné Conakry
Os movimentos anti-governamentais nos países subsaarianos não foram tão bem sucedidos como no Magrebe. Na foto: manifestação na Guiné ConakryFoto: AP

"Aqui, todos os lados do conflito são culpados de graves atentados aos direitos humanos, diz van der Borght, e enumera: "detenções arbitrárias, execuções sumárias, expulsões e violações."

Aumento dos ataques terroristas em África

No seu relatório anual que abrange 2011, a Amnistia Internacional salienta uma outra tendência preocupante: o aumento dos ataques terroristas. Crescem as dimensões dos atentados da seita radical islâmica nigeriana, Boko Haram, do al-Shabaab na Somália, e da Al-Qaida no Magrebe, que atingem um número cada vez mais elevado de civis. Segundo o director para África da Amnistia Internacional, para além dos atentados propriamente ditos, também as reações das forças de segurança são muito preocupantes:

Nigéria: palco de atos terroristas perpetrados pela seita Boko Haram
Nigéria: palco de atos terroristas perpetrados pela seita Boko HaramFoto: dapd

O diretor da Aministia Internacional constata um número crescente de violações dos direitos humanos por parte das forças de ordem como reação aos atos terroristas e especifica: "As detenções arbitrárias de suspeitos de envolvimento ou as detenções em massa na Nigéria são exemplos concretos. Na Mauritânia e na Nigéria desaparecem pessoas, e as autoridades negam a sua detenção. Trata-se de uma ameaça na África subsaariana que tem que ser levada muito a sério"

Autora:  Stefanie Duckstein / Cristina Krippahl
Edição: António Cascais / António Rocha

24.5 AI relatório - MP3-Mono

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