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A guerra das alianças na Guiné-Bissau

Djariatú Baldé (Bissau)
16 de setembro de 2024

Os principais partidos guineenses formam alianças com vista às eleições legislativas antecipadas, num contexto de profunda crise política. São alianças pró e contra o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló.

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Fotografia de arquivo: Jovens simpatizantes da coligação PAI - Terra Ranka, liderada pelo Partido Africano para a Independência da Guine e Cabo Verde (PAIGC)
Partidos guineenses gravitam em torno de duas grandes aliançasFoto: Iancuba Danso/DW

A pouco mais de dois meses da data marcada para as eleições antecipadas, na Guiné-Bissau, as reuniões de partidos multiplicam-se. Consolidam-se alianças entre as alas pró e contra o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló.

Neste fim de semana, houve vários encontros. Ontem, a ala pró-Sissoco do MADEM-G15, liderada por Adja Satu Camará Pinto, reuniu o Conselho Nacional. Esta ala está em negociações com o Partido da Renovação Social (PRS) de Félix Nandungue e o Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG) para formar uma aliança eleitoral com vista às próximas legislativas.

"O nosso objetivo é juntar, analisar e buscar uma saída para este país. Para que isso aconteça, devemos analisar em conjunto a situação do país", declarou Satu Camará.

Além disso, o objetivo da coligação será apoiar um segundo mandato do Presidente da República, acrescentou a veterana.

Aliança contra Sissoco

A comissão política nacional da ala rival do Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15), liderada por Braima Camará, também se reuniu no fim de semana. No encontro decidiu-se a assinatura de acordos políticos para as próximas eleições. Em cima da mesa está uma parceria com o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

Um dia depois do regresso do líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, ao país, o partido analisou hoje um acordo político entre a coligação PAI - Terra Ranka, vendedora da últimas legislativas e liderada pelo PAIGC, e o Fórum da Salvação da Democracia.

O FSD congrega os partidos MADEM-G15 de Braima Camará, o Partido da Renovação Social (PRS) de Fernando Dias e a Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) de Nuno Nabiam.

Simões Pereira: "Neste momento sou necessário no país"

Domingos Simões Pereira realça que as forças vivas da nação têm de reagir para que a Guiné-Bissau volte a ser um país de paz e tranquilidade.

"Está em causa a liberdade das pessoas", notou o político. "Todos devem ser convocados para que a Guiné-Bissau volte a ser uma terra de paz, e isso só poder acontecer com a observância das leis."

A necessidade de alianças

Em declarações à DW, o analista político Rui Jorge Semedo explica que "está em curso uma estratégia de fragmentação dos partidos políticos e das suas lideranças", por isso "estas alianças são necessárias".

"Há um mal necessário e, para poderem enfrentar este mal necessário, os partidos políticos são obrigados a formar um grupo único. Depois de vencerem estes obstáculos, veremos o que pode acontecer", afirma o analista.

As eleições legislativas antecipadas estão marcadas para 24 de novembro e o prazo de submissão das candidaturas no Supremo Tribunal de Justiça termina já na próxima semana, a 24 de setembro.

Em debate: Drogas, instabilidade e o futuro da Guiné-Bissau

Mas Rui Jorge Semedo diz duvidar das condições efetivas para que estas eleições sejam livres e transparentes face à "interferência do poder político nas instituições judiciais".

"É urgente regularizar a situação do Supremo Tribunal de Justiça para podermos pensar na credibilidade eleitoral. Eu não acredito que teremos condições efetivas para que isso aconteça até novembro. Mas tudo dependerá da análise do Presidente da República", conclui.

Entretanto, mantém-se a proibição de manifestações públicas no país, apesar das eleições que se avizinham.

O Presidente da República recebeu, esta segunda-feira, em audiência a direção da Comissão Nacional de Eleições, mas não foi divulgado o tema do encontro.