África também está à conquista do espaço
22 de abril de 2023O Taifa-1 – uma palavra do idioma Suaíli, que em português significa "Nação" - foi lançado em órbita por um foguetão da SpaceX, nos EUA, no dia 15 de abril de 2023. Espera-se que o satélite forneça dados nas áreas da agricultura e da monitorização ambiental no Quénia, que serão valiosos para o futuro do país, atualmente a atravessar uma seca histórica.
África é o único continente que ainda não tem um local de lançamento de foguetões espaciais ativo.
Os satélites africanos têm de ser enviados para o espaço a partir de plataformas de lançamento de foguetões localizadas fora de África. Sobretudo de Baikonur, no Cazaquistão, da Guiana, na América do Sul, ou do estado norte-americano da Califórnia.
Falta de meios
Como não existem estações espaciais, nem capacidades técnicas em África, as empresas africanas precisam de comprar uma grande parte dos serviços necessários a um preço elevado.
Além disso, várias tentativas de criação de portos espaciais no continente foram em vão nas últimas décadas. Mas desta vez parecem ser sérias: a construção deverá começar em breve em Djibuti, no Corno de África.
"Sabemos que o lançamento de satélites tinha de ser feito externamente, porque a África simplesmente não tinha os recursos e capacidades para o fazer. É por isso que a maioria dos projetos espaciais africanos tem de fazer colaboração internacional, externalizando [uma parte principal dos projetos]", comenta a sul-africana Rorisang Moyo que é analista de mercado e especialista na indústria espacial.
A indústria espacial africana foi avaliada em cerca de 20 mil milhões de dólares norte-americanos em 2021. Espera-se que este valor aumente para 23 mil milhões até 2026.
Também em Angola a indústria espacial está a pleno gás. "Outro país que está a mostrar um crescimento constante na indústria espacial é Angola. O país pretende ser autossuficiente em questões de comunicação espacial. (...) Isto reflete-se em alguns projetos. Existe uma comunidade da SADEC da África Austral para a partilha de satélites, onde Angola tem o seu próprio grupo de peritos", partilha Rorisang Moyo.
Em outubro do ano passado, o segundo satélite angolano, o Angosat-2, foi colocado no espaço. Com duas toneladas, tem uma capacidade de transmissão de informação extremamente elevada.
O satélite custou 320 milhões de dólares, foi construído na Rússia e enviado para o espaço a partir da base de lançamento de foguetões de Baikonur, no Cazaquistão. O seu sinal cobre a maior parte do continente africano e uma grande parte do sul da Europa.
O Governo angolano prometeu que isto colocaria o país na linha da frente das comunicações em África, disse o ministro das Telecomunicações, Mário Oliveira, por ocasião do lançamento do satélite.
"Para dizer aos angolanos, entramos para a era do espaço com este satélite... A equipa angolana, juntamente com os nossos colegas russos, tem trabalhado arduamente para isso. Felicitamos Angola e todos os angolanos por este sucesso", frisou.
África à conquista do espaço
Mas este avanço da indústria espacial é notado em toda a África. Além do Quénia, Djibuti e Angola, também África do Sul e Nigéria prometem contribuir.
Um ponto forte: há muitos jovens investigadores. Os atores africanos estão cada vez mais ligados em rede e trabalham em conjunto. Cooperam com norte-americanos, bem como com europeus, russos ou chineses.
Durante décadas, o continente esperou impulsos decisivos, mas as esperanças nem sempre se concretizaram. Agora o sucesso da tecnologia espacial está ao alcance de África.