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Processo dos ativistas detidos em Luanda remetido ao MP

Nelson Sul d'Angola, de Benguela22 de junho de 2015

O ministro do Interior de Angola, disse em Luanda, que os processos envolvendo a detenção de jovens ativistas suspeitos de promoverem alteração à ordem e segurança pública, foram já entregues ao Ministério Público.

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Os cerca de 20 ativistas angolanos detidos no último sábado (20.06), em Luanda, por agentes do Serviço Nacional de Investigação Criminal em colaboração com os Serviços de Inteligência e Segurança do Estado, realizavam na altura um seminário sob o tema "As 180 técnicas pacíficas para derrubar um ditador" que tem como base as técnicas apresentadas no livro do jornalista Domingos da Cruz ''Ferramentas Para Destruir o Ditador e Evitar uma Nova Ditadura''.

A polícia não revela o número exato de detidos, mas de acordo com dados não oficias estão entre os envolvidos: Luaty Beirão, Manuel Nito Alves, Nuno Álvaro Dala, Mbanza Hanza e o jornalista e ativista cívico Sedrik de Carvalho.

As detenções aconteceram na residência do político António Alberto Neto, sobrinho do primeiro Presidente de Angola e líder histórico do partido MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola).
Emílio Catumbela, um dos ativistas que se encontrava no local e que escapou à detenção contou à DW África que não foi detido porque se escondeu numa das dependências da casa e não foi visto. Entretanto, informações ainda não confirmadas dão conta que o jornalista Domingos da Cruz teria sido igualmente detido numa das províncias do interior.

Detidos sem contato com familiares

A DW África procurou - durante toda tarde desta segunda-feira (22.06) - entrar em contato com o jornalista e ativista dos direitos humanos, mas sem sucesso. Contudo, um dia depois da detenção dos ativistas em Luanda, Domingos da Cruz falou de um desespero em que se encontra o regime angolano, tendo, por outro lado, denunciado um conjunto de ''ações do regime que visam calar todas as vozes contestárias à governação de José Eduardo dos Santos''."Deter os jovens só porque estão a discutir um livro mostra que afinal a oposição está com o controle da situação e o governo com medo de perder algo", acredita Domingos da Cruz.

No entanto, todos os contatos efetuados pela DW África para ouvir a versão das autoridades não foram bem sucedidos. Em declaração à estação pública Rádio Nacional de Angola, o ministro do interior Ângelo Tavares revelou que os ativistas foram detidos por "procurarem alterar a ordem estabelecida", sem nunca referir sobre o quê exatamente, alegando o segredo de justiça.

Três dias após terem sido detidos, as autoridades ainda não permitiram o contato das famílias com os jovens presos. Salvador Freire, presidente da Associação Mãos Livres, adiantou à DW África que a organização está profundamente preocupada com a situação e que a qualquer momento irá tomar uma posição.

Processo de jovens ativistas detidos em Luanda remetido ao Ministério Público

Angola Aktivist Manuel Nito Alves
Nito Alves é supostamente um dos detidosFoto: DW/Nelson Sul D´Angola
Angola Journalist Domingos da Cruz
Debate sobre livro de Domingos da Cruz (na foto) teria sido o motivo das detençõesFoto: DW/Nelson Sul D´Angola