Trump é indiciado por instigar invasão do Capitólio
2 de agosto de 2023O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump foi formalmente indiciado nesta terça-feira (01/08) por instigar a invasão do Capitólio, a sede do Congresso americano, por uma turba de extremistas em 6 de janeiro de 2021. Na ocasião, os congressistas certificavam a vitória do democrata Joe Biden, que havia ganhado a eleição presidencial em novembro de 2020. Cinco pessoas morreram durante a confusão, e 140 policiais ficaram feridos.
Trump também foi indiciado por tentar reverter ilegalmente o resultado das eleições, fazendo uso de pressão contra autoridades eleitorais estaduais para adulterar a contagem de votos.
Segundo a rede CNN, o promotor especial Jack Smith apresentou quatro acusações contra o político e empresário: conspiração para defraudar os Estados Unidos; conspiração contra direitos; conspiração para obstruir um procedimento oficial; e obstrução e tentativa de obstrução de um procedimento oficial.
As novas acusações são as mais graves até agora contra o republicano, que já enfrenta uma série de problemas na Justiça.
O documento de 45 páginas afirma que Trump e seus aliados, ao não conseguirem persuadir as autoridades estaduais a mudarem ilegalmente a eleição a seu favor, começaram a recrutar uma lista de eleitores falsos em sete estados – Arizona, Geórgia, Michigan, Novo México, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin – para assinar certificados declarando falsamente que ele, e não Biden, havia vencido nessas regiões.
"Apesar da sua derrota, o réu estava determinado a manter-se no poder. Como resultado, por mais de dois meses após a eleição de 3 de novembro de 2020, o réu espalhou falsidades de que houve fraude. Essas afirmações eram falsas, e o réu sabia que eram falsas", diz a denúncia contra Trump, que atualmente é pré-candidato nas primárias republicanas para as eleições de 2024.
Smith já havia apresentado acusações contra Trump pela má gestão de documentos sigilosos do governo. O ex-presidente também enfrenta um julgamento em Nova York por supostamente pagar propina a uma atriz pornô para silenciá-la às vésperas da eleição.
A denúncia menciona seis co-conspiradores, mas nenhum deles foi identificado até o momento. Trump é o único réu nomeado.
De acordo com relatos da mídia dos EUA, Trump deve ser convocado para comparecer ao tribunal, em Washington, nesta quinta-feira.
Trump rebate acusações
Ao comentar sobre os processos, Trump chamou Smith de "enlouquecido" e afirmou que o promotor emitiu "mais um falso indiciamento" para "interferir na eleição presidencial".
"Por que eles não fizeram isso há dois anos e meio? Por que esperaram tanto tempo? Porque eles queriam fazer isso bem no meio da minha campanha", disse Trump em uma mensagem em sua plataforma de mídia social Truth Social.
Trump tem repetidamente classificado a investigação como uma "caça às bruxas" política organizada pelo Departamento de Justiça dos EUA.
Os problemas judiciais, no entanto, podem se estender ainda mais para Trump: a procuradora Fani Willis, do estado da Geórgia, deve anunciar até setembro o resultado da investigação sobre as pressões que Trump exerceu para tentar alterar o resultado das eleições presidenciais de 2020 nesse estado do sul do país.
O republicano, que já tinha sido acusado de 37 crimes, foi indiciado também por supostamente pedir que seus funcionários deletassem vídeos de câmeras de segurança relacionados à retenção dos documentos secretos.
Em junho, Trump compareceu a um tribunal federal em Miami que o notificou das 37 acusações apresentadas por um grande júri pelo desvio de documentos confidenciais para Mar-a-Lago, a sua mansão no sul da Flórida.
Republicano lidera pesquisas
Ainda que bastante pressionado pela Justiça, Trump é amplo favorito entre o eleitorado republicano para representar o partido nas eleições presidenciais que ocorrerão no ano que vem nos EUA.
De acordo com uma pesquisa feita pelo jornal The New York Times e o Siena College, Trump tem 54% das intenções de voto. Isso significa que, se as prévias ocorressem hoje, ele seria o escolhido para concorrer pelo Partido Republicano.
O segundo colocado na pesquisa, o governador da Flórida, Ron DeSantis, tem apenas 17%, e os demais pré-candidatos somam apenas 2% a 3% – a exemplo de Mike Pence, que serviu como vice-presidente dos EUA durante o mandato de Trump (2017-2021).
jps/gb (AFP, AP, Lusa, ots, Reuters)