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"Relógio do Juízo Final" está mais perto da meia-noite

26 de janeiro de 2017

Dispositivo, que simboliza o quão próxima a humanidade está de destruir o planeta, é ajustado para dois minutos e 30 segundos antes da meia-noite, horário mais alarmante em 64 anos. Cientistas veem Trump com preocupação.

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Relógio
Foto: picture-alliance/chromorange

Devido a ameaças como armas nucleares, mudanças climáticas e a eleição de Donald Trump à presidência dos EUA, o mundo está mais perto de uma catástrofe, afirmam cientistas. Por esse motivo, o chamado "Relógio do Juízo Final" (Doomsday Clock, em inglês) foi ajustado de três minutos para dois minutos e 30 segundos antes da meia-noite.

Idealizado pelo Boletim de Cientistas Atômicos, baseado em Chicago, o relógio – que serve de metáfora do quão perto a humanidade está de destruir o planeta – havia sido ajustado pela última vez em 2015, quando passou de cinco minutos para três minutos antes da meia-noite.

"O 'Relógio do Juízo Final' está mais perto da meia-noite do que já esteve durante a vida de quase todo mundo nesta sala", disse Lawrence Krauss, presidente do boletim, em coletiva de imprensa em Washington.

A última vez em que o dispositivo esteve tão próximo da meia-noite foi em 1953, marcando o início da corrida armamentista nuclear entre os Estados Unidos e a União Soviética.

O Boletim de Cientistas Atômicos destacou que o ajuste do relógio ocorre em meio "a um aumento do nacionalismo estridente mundo afora, às declarações de Trump sobre armas nucleares e questões climáticas, a um cenário global de segurança sombrio [...] e a um desprezo crescente em relação à ciência".

Trump é motivo de alerta

Krauss afirmou que Trump é em grande parte culpado pelo nível de alerta elevado. O novo presidente americano sugeriu que a Coreia do Sul e o Japão poderiam adquirir armar nucleares para competir com a Coreia do Norte, que realizou testes nucleares. Trump também colocou em dúvida o futuro de um acordo nuclear multilateral com o Irã, aponta o boletim.

Quando às mudanças climáticas, enquanto países tomaram medidas para combatê-las, parece haver pouca disposição para cortes adicionais de emissões de dióxido de carbono, diz o boletim. Além disso, os nomeados para o gabinete de Trump indicam que seu governo será "abertamente hostil ao progresso em direção a até mesmo os mais modestos esforços" para evitar catástrofes climáticas.

O boletim apontou ainda que o mundo sofre ameaças cibernéticas. A conclusão das agências de inteligência americanas de que a Rússia interveio nas eleições presidenciais dos EUA em favor de Trump levantam a possibilidade de que ataques similares ocorram em outras democracias, afirmam os cientistas.

O Boletim de Cientistas Atômicos foi fundado por pesquisadores que ajudaram a desenvolver as primeiras armas nucleares dos EUA. Seus comitês de ciência e segurança decidem sobre o horário do relógio após consultarem o comitê de apoiadores, que inclui 15 ganhadores do prêmio Nobel. O relógio foi criado em 1947 e ajustado 19 vezes desde então, variando entre dois minutos para a meia-noite em 1953 e 17 minutos para a meia-noite em 1991.

LPF/rtr/afp