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Moraes homologa delação e dá liberdade provisória a Cid

9 de setembro de 2023

Ex-faz-tudo de Bolsonaro deixou prisão e deve colaborar com investigações sobre joias sauditas, falsificação de cartões de vacinação e atos golpistas. Ele cumprirá medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica.

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Mauro Cid
Mauro Cid (esq.) durante depoimento a CPI no CongressoFoto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou neste sábado (09/09) o acordo de colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid e o pôs em liberdade provisória.

O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou à tarde a prisão no Batalhão do Exército de Brasília, onde estava detido preventivamente desde maio  por suspeita de fraudar cartões de vacinação do ex-chefe.

Pela decisão, Cid terá o passaporte apreendido e está sujeito a outras medidas cautelares, incluindo uso de tornozeleira eletrônica, impedimento de sair de casa nos fins de semana e também à noite. Ele teve ainda o porte de arma suspenso e foi afastado de suas funções no Exército. 

A notícia foi divulgada em primeira mão pelo jornalista Gerson Camarotti, colunista do portal G1 e comentarista da Globonews.

Os escândalos envolvendo Mauro Cid

Além do caso dos comprovantes falsos de vacinação, Mauro Cid é também personagem central de um suposto esquema de venda de joias e artigos de luxo que Bolsonaro ganhou de autoridades estrangeiras durante agendas oficiais. É sobre esses casos que ele deve fornecer informações no âmbito da delação agora homologada por Moraes.

Em 31 de agosto, quando Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ficaram em silêncio em depoimento na PF sobre as joias, Cid falou com os policiais por mais de 10 horas. A defesa do militar chegou a afirmar que ele confessaria a participação no esquema, que envolveria também o pai dele, o general da reserva Lourena Cid, mas acabou recuando e minimizando as declarações, dizendo que ele apenas prestaria "esclarecimentos".

Cid também deve cooperar com as investigações sobre a invasão dos Três Poderes em 8 de janeiro e demais atos golpistas no âmbito do inquérito das milícias digitais,  que apura a existência de uma organização criminosa que teria visado atentar contra o Estado democrático de direito.

O ex-faz-tudo de Bolsonaro já é investigado no caso do  hacker Walter Delgatti Netto, suspeito de invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e que teria participado de reuniões com o ex-presidente para discutir a invasão da urna eletrônica. 

Em maio, após prendê-lo, a Polícia Federal (PF) encontrou no celular de Cid a minuta de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e estudos para embasar um eventual golpe de Estado, além de conversas com outros militares sobre o assunto.

A homologação da delação premiada de Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro durante todo o mandato do ex-presidente, acontece após o militar fechar acordo de colaboração com a PF. 

md/ra (ots)