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Antártida ganha a maior reserva marinha do mundo

28 de outubro de 2016

Países superam divergências para criar área protegida de 1,6 milhão de quilômetros quadrados no Mar de Ross, um dos últimos ecossistemas marinhos intactos do planeta, lar de pinguins, focas e baleias.

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O Mar de Ross é considerado um dos ecossistemas mais intactos no planeta
O Mar de Ross é considerado um dos ecossistemas mais intactos no planetaFoto: REUTERS/P. Askin

As belezas da maior reserva marinha do planeta

Foi estabelecida nesta sexta-feira (28/10) a criação da maior reserva marinha do mundo, de território equivalente ao do Alasca, no Mar de Ross – localizada na Antártida e um dos últimos ecossistemas marinhos intactos do planeta. O acordo foi alcançado em reunião na Austrália entre 24 países e a União Europeia.

O acordo obtido durante a reunião anual da Convenção para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos da Antártida (CCRVMA) em Hobart, na Austrália, permitirá a criação de uma reserva numa área de 1,6 milhão de quilômetros quadrados, que será protegida pela Nova Zelândia e pelos Estados Unidos. As atividades pesqueiras serão proibidas num território equivalente a três quartos do santuário.

Os EUA e a Nova Zelândia vinham há anos tentando obter consenso sobre a criação da reserva, mas esbarravam na oposição da Rússia. No ano passado, a China se posicionou favoravelmente à iniciativa, abrindo caminho para que fosse finalmente acordada pelos membros da comissão, composta por 24 países – entre os quais, o Brasil – e pela União Europeia (UE).

O Mar de Ross, considerado um dos ambientes mais intactos no planeta, abriga um terço da população mundial de pinguins de Adélia e 26% dos pinguins imperadores de todo o mundo. A região possui vastas colônias de aves marinhas, focas, peixes e baleias.

O local é fundamental para o estudo desses ecossistemas, além de possibilitar a compreensão dos impactos das mudanças climáticas nos oceanos. É um dos poucos lugares quase sem nenhum contato com seres humanos.

Apoio unânime de 24 países e UE

Diversos países promovem atividades pesqueiras no Mar de Ross. A partir do final de 2017, porém, 72% da região serão uma zona de proibição de pesca. Nas demais áreas, as atividades serão limitadas e monitoradas.

"Foram necessárias algumas mudanças na proposta, de modo a obter o apoio unânime de todos os 25 membros da CCRVMA", afirmou o ministro do Exterior da Nova Zelândia, Murray McCully. "O acordo final equilibra a proteção marinha, pesca sustentável e interesses da ciência."

O diretor do projeto Aliança do Oceano Antártico, Mike Walker, disse que pela primeira vez os países puseram suas diferenças de lado para proteger uma grande área do Oceano Antártico e das águas internacionais.

Esta é a primeira vez em que um grupo de nações colabora criar uma área marítima de proteção no oceano aberto, que está fora da jurisdição de todos os países.

O acordo entra em vigor em dezembro de 2017 e será válido por 35 anos na zona de proibição de pesca. Encerrado esse período, os países membros da CCRVMA devem decidir por unanimidade a prorrogação da reserva, algo que não deverá ser fácil, tendo em vista as dificuldades observadas no passado para obter avanços nas negociações.

Além do Brasil, os países que integram a convenção são Argentina, Austrália, Bélgica, Bulgária, Canadá, Chile, China, Ilhas Cook, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Índia, Itália, Japão, Coreia do Sul, Ilhas Maurício, Namíbia, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Paquistão, Panamá, Peru, Polônia, Rússia, África do Sul, Espanha, Suécia, Ucrânia, Reino Unido, Estados Unidos, Uruguai e Vanuatu.

RC/ap/lusa/afp