Ancara promete "fazer de tudo" para conter fluxo migratório
22 de janeiro de 2016Após encontro em Berlim com o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, declarou que tanto seu país quanto a Turquia avaliam a imigração ilegal como uma grande ameaça. Ancara prometeu "que fará de tudo para reduzir o número de refugiados" que chegam à Europa, afirmou a premiê.
"O primeiro-ministro enfatizou o compromisso do governo da Turquia de realizar todos os esforços possíveis para reduzir substancialmente o número de migrantes em situação irregular num futuro próximo", informou a Chancelaria Federal em comunicado. Além disso, Ancara "comprometeu-se a facilitar a readmissão dos imigrantes em situação irregular que não necessitam de proteção".
Em contrapartida, a Turquia poderá contar com o apoio de Berlim no alívio das exigências de visto para cidadãos turcos na União Europeia (UE). Merkel também garantiu ao premiê turco que o bloco europeu disponibilizará os 3 bilhões de euros para ajuda humanitária, prometidos à Turquia em março, num plano de ação acordado para frear o afluxo de refugiados ao território europeu.
A chefe de governo enfatizou, ainda, que o início de um processo de paz na Síria seria um passo importante na resolução da crise migratória. Atualmente, há aproximadamente 2,5 milhões de sírios na Turquia, segundo Merkel. Ela descreveu Ancara como um parceiro crucial para solucionar qualquer crise relacionada ao fluxo migratório porque, além de compartilhar fronteira com a Síria, o país é ponto de partida para a travessia do Mar Mediterrâneo para milhares de migrantes.
Tanto a Turquia como a Alemanha estão prontas a "intensificar a cooperação contra o Daesh [acrônimo em árabe para 'Estado Islâmico' (EI)]", garantiu a chanceler. Ela também mencionou a busca de uma solução política para os conflitos entre Ancara e separatistas curdos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
"Turquia não conseguirá resolver sozinha o problema"
Davutoglu reafirmou os laços estreitos entre Ancara e Berlim, assegurando que seu país está trabalhando "de mãos dadas" com a Alemanha na luta contra o EI na Síria e no Iraque. Ele reiterou que uma solução política é necessária para resolver a guerra civil síria. "Ninguém vai voltar enquanto [o presidente Bashar] al-Assad estiver no poder", assegurou, acrescentando que a presença da Rússia na região piorou a situação.
Segundo o primeiro-ministro turco, ninguém pode esperar que seu país ajude os refugiados por contra própria. "Nós não estamos pedindo dinheiro à UE. Precisamos trabalhar juntos. A Turquia não conseguirá resolver sozinha o problema."
A Turquia faz parte hoje da principal rota de chegada de refugiados à UE. Em 2015, mais de 840 mil passaram por seu território e desembarcaram na Grécia, antes de rumarem a outros países da União Europeia.
Sob pressão dentro de sua própria coalizão de governo, Merkel está perdendo apoio entre os alemães. Pesquisa encomendada pela revista Stern constatou que apenas 44% dos entrevistados consideram Merkel a figura ideal para ocupar a chefia de governo – quatro pontos percentuais a menos que na enquete anterior.
Na pesquisa – que simula uma votação fictícia nos moldes de uma eleição presidencial – pela primeira vez o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), populista de direita, despontou com 10% dos votos em nível nacional.
PV/dpa/efe/afp/ap