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Novo presidente da FLEC dará continuidade a políticas do pai

António Rocha8 de junho de 2016

Depois da morte do líder histórico da resistência de Cabinda, Nzita Tiago, o filho, Emmanuel Nzita, vai prosseguir com a obra deixada pelo presidente da FLEC. Garantia é dada pelo chefe operacional do movimento.

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Emmanuel Nzita e o pai, Nzita TiagoFoto: FLEC
Emmanuel Nzita, filho de Nzita Tiago, que morreu no passado dia 3 junho, foi eleito presidente da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda/Forças Armadas de Cabinda (FLEC/FAC) pelo Alto Comando Militar do movimento, anunciou o porta-voz da FLEC/FAC, Jean-Claude Nzita.

O funeral do fundador do movimento realiza-se na sexta-feira,10 de junho, em Paris. A trasladação, diz a FLEC/FAC, só acontecerá com a independência de Cabinda.

A eleição de Emmanuel Nzita, de 61 anos, para o cargo de presidente da FLEC/FAC foi tomada pelo Alto Comando Militar e o bureau político do movimento, embora decisões do género sejam normalmente anunciadas durante a realização de um congresso.

No entanto, em entrevista à DW África, o Comandante Sem Medo, chefe operacional da FLEC, garante que “o povo confirma que o pai tinha deixado o filho, Emmanuel Nzita, em posse” e que um congresso “depende da vontade do povo”. “Nós tínhamos que perseguir aquilo que o presidente tinha deixado”, sublinha.

Respeitar o legado

Emmanuel Nzita wa Nzita nasceu no exílio na República Democrática do Congo (RDC), em 1955, e, antes de chegar a secretário-geral, foi encarregado da diplomacia da FLEC/FAC em Kinshasa, na RDC.

Para o Comandante Sem medo, o novo Presidente da FLEC/FAC saberá dar continuidade ao legado político e militar transmitido por Nzita Henriques Tiago, líder histórico do movimento. Este é o “factor primordial” para o chefe operacional da FLEC: “Emmanuel Nzita trabalhou com o seu pai e sabe as vias a seguir”.

Karte Angola und Cabinda
Cabinda, a província mais a norte de Angola

A FLEC luta pela independência de Cabinda alegando que o enclave era um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte integrante do território angolano.

Criada em 1963, a organização independentista dividiu-se e multiplicou-se em diferentes fações, efémeras, com a FLEC/FAC a manter-se como o único movimento que mantém a resistência armada contra a administração de Luanda.

Trégua após morte de líder histórico

No terreno, segundo o Comandante Sem Medo, continua a ser respeitado o cessar-fogo de três meses decretado unilateralmente a 3 de junho, após a morte de Nzita Tiago.

“Vamos cumprir este cessar-fogo provisório para que tudo seja bem acertado”, garante o chefe operacional do movimento, frisando, no entanto, que os homens da FLEC/FAC vão responder a qualquer ataque de militares angolanos contra as suas posições, num momento em que a FLEC cumpre “um dever muito sagrado”.

Questionado sobre um potencial enfraquecimento dos homens armados do movimento após a notícia da morte do líder que dirigiu o movimento independentista desde 1963 - primeiro contra o regime colonial português (até 1975) e, depois, contra Luanda -, o Comandante Sem Medo não nega que esta “é uma situação muito dolorosa”, mas afirma que a FLEC não está enfraquecida. “Pelo contrário, isto incentiva-nos ainda mais a continuarmos com a nossa resistência”, conclui.

[No title]

A FLEC/FAC continua a aguardar resposta a um pedido dirigido às autoridades de Luanda para que aceitem reabrir o processo de negociações, após quase uma década de ausência de diálogo.
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