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Mais famoso produto da BASF pertence ao passado

Marcio Weichert27 de novembro de 2003

Sinônimo de qualidade, as fitas K-7 popularizaram a BASF no Brasil e no mundo, mas pertencem ao passado deste gigante do setor químico. A multinacional alemã atua hoje em várias áreas, mas nenhum produto leva sua marca.

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Por muito tempo, esta foi a cara da multinacional alemã

Da década de 1970 até recentemente, BASF era sinônimo no Brasil de fitas cassetes de qualidade. Fosse para gravar áudios, sobretudo músicas, ou imagens, por exemplo filmes. No entanto, a multinacional alemã vendeu em 1997 todo seu negócio de fitas, cedendo à empresa compradora o direito de uso da marca por cinco anos, ou seja, até 2002.

Os produtos virgens para gravação foram os únicos da história da BASF a carregarem o nome da companhia como marca. Onde o consumidor pode encontrar hoje a BASF? "Tintas Suvinil", responde Rolf-Dieter Acker sem pestanejar. O presidente do grupo na América Latina afirma que esta é atualmente a principal cara da empresa para o consumidor particular brasileiro. No entanto, a marca já existe há mais de 40 anos, sendo líder do mercado de tintas imobiliárias no país.

Um dos maiores grupos químicos do mundo, a BASF atua principalmente em setores que o consumidor final não vê, inclusive a chamada indústria de base, fornecedora de insumos para outras indústrias ou segmentos econômicos. São corantes para tecidos, adubos e defensivos agrícolas para agricultura, vitaminas para serem adicionadas a alimentos, assim como produtos sintéticos (polímeros, plásticos, isopores, nylon, perlon etc), entre muitos outros. Além disto, o grupo vem se engajando na área de exploração de petróleo e gás, sobretudo no Brasil e na Argentina.

Quase 140 anos de história

BASF in Ludwigshafen
O coração da BASF bate em LudwigshafenFoto: AP

Tudo começou em 1865, quando Friedrich Engelhorn fundou em Ludwigshafen, no sudoeste da Alemanha, a Badische Anilin & Soda Fabrik, que deu origem à sigla BASF (atenção: por isso, os alemães sempre dizem letra por letra ao citarem o nome da empresa). Corantes à base de anilina para a emergente indústria de tecidos, lideravam a linha de produtos. Em 1897, após 17 anos de pesquisas, a companhia lançava o índigo (anil) no mercado. O investimento para desenvolver a técnica de sintetizar o corante azul consumiu 18 milhões de marcos-ouro, cifra superior ao capital nominal da empresa.

O século 20 começa com a etapa seguinte de expansão da BASF, a partir da invenção de um processo para a sintetização de nitrogênio para a produção de adubos. A fabricação na unidade de Oppau teve início em 1913 e nos anos seguintes a empresa ampliou seus negócios na área de química agrícola. Na década de 1920, com o boom da indústria automobilística, a empresa de Ludwigshafen faturou desenvolvendo carburantes, combustíveis, borracha sintética e tintas automotivas.

Nazismo e guerra

A crise econômica em que afundou a Alemanha na década de 1920 mudou o destino da BASF. Para racionalizar a produção e as vendas, a empresa fundiu-se com a Hoechst, a Bayer e mais três concorrentes menores para formar a IG Farben, com sede em Frankfurt. Com o início da Segunda Guerra Mundial, o conglomerado teve de voltar a sua produção para a economia de guerra. Diante da convocação de seus operários para as frentes de batalha, usou mão-de-obra forçada, como mulheres obrigadas ao trabalho pelo regime nazista, prisioneiros de guerra e civis capturados nas regiões ocupadas do Leste Europeu.

As fábricas de Ludwigshafen e Oppau sofreram bombardeios desde o início da guerra. Quando soldados americanos tomaram as unidades em março de 1945, só restavam praticamente ruínas: 65 bombardeios aéreos destruíram por completo 33% das instalações e causaram sérios danos em 61%. Em novembro do mesmo ano, os Aliados decidiram dissolver a IG Farben e, em 1952, a BASF voltou ter identidade própria.

No Brasil e em todo o mundo

Rolf-Dieter Acker
Rolf-Dieter Acker é o atual presidente do Grupo BASF América do SulFoto: Marcio Weichert

Com o milagre econômico da década de 1950, iniciou-se a era dos sintéticos. As vendas de perlon, nylon, isopor e polietilenos dispararam. Em seguida, a BASF investiu em sua expansão no exterior. Presente no Brasil através de uma representação no Rio de Janeiro desde 1911, o grupo decidiu construir uma fábrica em Guaratinguetá em 1955, sendo inaugurada em 1959. Hoje, a unidade é o maior complexo químico da América do Sul.

Em 2002, o Grupo BASF reunia 114 empresas, com fábricas em 39 países, empregando quase 90 mil trabalhadores – cerca de 10% deles atuam na área de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias. No Brasil, a multinacional possui unidades não só em Guaratinguetá, mas também em outras quatro cidades de São Paulo, duas no Estado do Rio, uma na Bahia e outra em Pernambuco. O faturamento mundial foi de 32,2 bilhões de euros, dos quais 1,7 bilhão na América do Sul.

Desde 2000, as ações da BASF são cotadas também em Nova York e, desde 2001, a multinacional alemã tornou-se o maior investidor estrangeiro do setor químico na China. O meio ambiente passou a receber sistematicamente atenção no planejamento empresarial em 1957, quando a BASF acertou uma cooperação com a Universidade de Stuttgart.