1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Lama tóxica

5 de abril de 2011

Plantações estão proibidas e pelo menos 60 famílias precisam ser realocadas, após grande região ter sido coberta por lama vermelha tóxica que vazou de fábrica de alumínio.

https://p.dw.com/p/10ngx
Casas haviam sido invadidas por lama tóxicaFoto: picture alliance/dpa

A Hungria ainda enfrenta as consequências do pior desastre químico da história do país quando, há seis meses, resíduos tóxicos vazaram da fábrica de alumínio Ajka, a 160 quilômetros de Budapeste. De acordo com o governo húngaro, é proibido plantar nas áreas atingidas pela lama vermelha e pelo menos 60 famílias ainda não foram realocadas.

"Nós proibimos o plantio de vegetais, pois ainda não sabemos as consequências a longo prazo", afirmou o chefe da Defesa Civil húngara, general Gyorgy Bakondi. O governo ainda tem atuado intensamente na recuperação da região, já que centenas de moradores foram atingidos.

O acidente de 4 de outubro do ano passado matou dez pessoas e deixou pelo menos 150 feridas. Até hoje moradores de um lugarejo próximo a Kolontar, povoado mais próximo da fábrica, continuam limpando suas casas e jardins, que foram submersos por dois metros de lama tóxica.

Um milhão de metros cúbicos da lama vermelha – um subproduto da bauxita, usada na produção de alumínio – espalhou-se rapidamente. A maré inundou pelo menos três povoados e atingiu o Danúbio, o segundo maior rio da Europa.

A área atingida pela catástrofe, cerca de 40 quilômetros quadrados, se assemelhava a uma paisagem de Marte – vermelha e sem vida.

Unfall in Aluminiumfabrik Ungarn
Governo ainda atua nas cidades atingidasFoto: AP

Apurar responsabilidades

A empresa Hungarian Aluminium Production and Trade Company, que administrava a fábrica de onde vazou o líquido tóxico, passou às mãos do governo húngaro. As autoridades também congelaram os ativos dos proprietários da empresa, em meio às investigações criminais contra eles, segundo Gyorgy Bakondi.

No entanto, ambientalistas e integrantes da oposição ao governo húngaro não estão satisfeitos com as medidas tomadas. Segundo eles, as autoridades estavam conscientes do risco que a fábrica representava, pois nos anos 1990 ela havia sido responsável por outro acidente, de menores proporções.

"Um mês após o desastre, o governo disse que a culpada era a companhia", afirma Rebeka Szabo, parlamentar do partido verde liberal LMP. No entanto, ela acredita que, antes de fazer tal julgamento, o governo deveria ter esperado o processo correr na Justiça. Ela reclama que a empresa acabou recebendo toda a culpa, mas que também os governantes deveriam assumir maior responsabilidade neste caso.

"Senti que eles quiseram empurrar toda a responsabilidade para a companhia, embora nosso estudo revele que, nestas situações, depende-se muito das autoridades. E elas cometeram vários erros no passado, que levaram a esta tragédia", diz Szabo.

Quem vai pagar?

Os húngaros temem que a conta multimilionária do desastre tenha de ser pago pelo contribuinte. A Hungria, que exerce a presidência rotativa da União Europeia por seis meses, está sendo pressionada a propor a obrigatoriedade de todos os países-membros manterem um fundo para casos de catástrofes.

Entre os que pressionam a Hungria está Reinhard Bütikofer, membro alemão do Parlamento Europeu e vice-presidente do Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia.

Grünen-Parteitag lehnt Afghanistan-Einsatz ab
Bütikofer: 'Dinheiro não deveria sair do bolso do contribuinte'Foto: AP

"Por que não temos um sistema de seguro obrigatório que garante, no caso de algo acontecer, que o poluidor vai pagar?", questiona Bütikofer. "O pagamento não deveria sair do bolso do contribuinte".

A Hungria não está sozinha. Há uma preocupação geral entre os membros da União Europeia, e especialmente entre os países que formavam o bloco soviético, de que a ambição por lucros rápidos e a pressa em privatizar indústrias obsoletas após o colapso da União Soviética acabe deixando de lado importantes considerações ambientais.

A União Europeia e outras organizações identificaram vários locais com sérios riscos químicos em mais de 100 áreas contaminadas, entre outros, na Hungria, Romênia e Eslováquia.

Autor: Stefan Bos (msa/sjt)
Revisão: Roselaine Wandscheer